quarta-feira, 24 de junho de 2009

Vontades

Vontade de acordar,
Ao acordar sinto vontade de me deitar.

Vontade de comer,
Comida na mesa já não sei o que querer.

Vontade de sair para caminhar,
Ao levantar sinto minha alma desanimar.

Rever amigos,
Conversar sobre nossas fútilidades,
Falsos desejos de felicidades.

Ondas sonoras agonizantes,
Ondas de sonhos quebradas a minha frente.

Perdendo-se em meio ao mar revolto,
Mar acariciado com fortes ventos.

Vontade de pensar,
Pensamentos revoltam a alma,
Tiram a nossa calma.

Passos lentos,
Mais lentos a cada dia,
Paralisando-se com o tempo.

Concreto endurecendo,
Madeira aprodrecendo,
Mente enfraquecendo.

Vontades, futilidades, adversidades,
Lamentamos quando sonhamos pela metade.

Par de olhos para enxergar um único momento,
Duas mãos sendo atadas com o tempo,
Dois pés que já caminham a passos lentos,
Corrosão oxigenado por sonhos que levam ao tormento.

Trabalhos únicos exigem um par para tudo,
Pares de membros, par de rins, par de pulmões,
Cotrolados por um só cérebro, bombeado por um só coração,
Sinais vitais, sonhos reais, momentos únicos que não voltam mais.

A importância mora na pluralidade?
Vontades simples,
Simples vontades!
Vontade de não ter nenhuma vontade.

Wagner Marcelo "W3M"

terça-feira, 16 de junho de 2009

Curvando

Tudo se curva,
As flores velhas,
A madeira apodrecida.

O que nos mantém ainda em pé?
Quando estivermos velhos ainda teremos fé?

Situações extremas pesam em nossas costas,
A tristeza se rebela a nossa volta.

O que ainda importa?
Do que ainda você gosta?

Mutação continua,
Aprendemos tão rápido quanto esquecemos,
O que restará a não ser envelhecer.

Quanto tempo para curvar-se?
Para render-se acalentado,
Tentativas inúteis de se manter acordado.

Motivos não faltam para curva-se,
Como uma velha flor,
Feridas ainda abertas,
Que a velhice não apagou,

Lutamos para ser grandes,
Mas ao envelhecer quão pequenos ficamos,
Pequenos no tamanho,
Fragilizados por mais um velho no rebanho.

Orgulho reduzido pela mobilidade violada,
Mortabidade agora bate a nossa porta.

Mais um corpo sem alma,
Mais um nome esquecido,
Viveu, aprendeu e agora eternamente adormecido, morreu!

Wagner Marcelo "W3M"

Canteiro digital

Arte de poetisar,
Sociedade anonima com preguiça de pensar.

Viva a morte anunciada!
Viva a vida engarrafada!
Zumbis andando livres pelas calçadas.

Morte anunciada,
Vida desgastada,
Pensamentos apodrecidos,
O livre pensamento tem um preço para ser adquirido.

Retina dolorida,
Olhos que se deleitam em uma realidade onírica,
Percepção desgastadamente empírica,
Desgastadamente doce e lírica.

Atormentados pensamentos,
Pulsos neurais a frente de seu tempo,
Lamento!
Sementes dispersas com o vento.

Vento tecnológico,
Sementes espalhadas bit a bit,
Pobre canteiro digital,
Não nascem frutas nem tão pouco hortaliças,
Reguemos abastados e moribundos afogados em sua própria preguiça.

Wagner Marcelo "W3M"

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Margem

Vivendo à margem,
Margem de papel almaço,
Zumbis perdidos canhando rumo ao fracasso.

Papel almaço em branco,
Vida desintegrada sempre a margem,
Sem vontade de andar, nos roubaram corajem.

Da margem do rio vejo a vida passar,
De dentro da água meus desejos são levados,
Levados com a água que jamais voltará.

Vida a margem de questionamentos,
A margem da revolta que jamais acabaram com o tempo.

A margem da felicidade que esperei com ansiedade,
Que a primeira tinta respingue ao centro,
Que sirva de guia para ultrapassar a linhas, as linhas do tempo.

Intensidade afogada,
A morte chegou antecipada,
Rabiscos indeterminados, escrita inacabada.

A margem da sociedade,
Observando a hipocresia,
Olhos abertos para um mundo de fantasia.

Muitos sempre a margem,
Só caminhando pelo ciclo vicioso da vida,
Traços retangulares que contornam o papel almaço,
Lineares, que jamais cruzarão o centro,
Jamais sentiram o pulsar da vida com verdadeiro encanto.

Wagner Marcelo "w3M"