terça-feira, 24 de novembro de 2009

Combustível

Não sei o que me move,
Já não é a raiva ou o ódio,
Não sei qual é o novo combustível.

Os pulsos ainda estão intáctos,
As músicas que me agitavam tornaram-se indiferentes,
A angústia parece estar se transformando em conformismo.

O caixão está todo arranhado,
Já me virei de todos os lados,
Busquei ar, mas o sufocamento parece inevitável.

Uma vida de mentiras,
Limites sempre respeitados em nome da subversão,
A explosão espontânea me deixará satisfeito.

Busca constante de novos combustíveis,
Talvez seja viável a busca de novas doses de soma.

Em meu sangue trago a discórdia,
Só ha contrariações dos meus desejos,
Eterna prisão de grades invisíveis.

Busquemos a iluminação,
A religião como novo combustível?

Pernas novamente enfraquecidas,
O sangue que jora da minha face escorre pela minha boca,
Sinto diáriamente o sabor de ferro que tornou-se o tempero da vida.

Lágrimas salíneas misturadas com o sabor de ferro do sangue,
Novo sabor de suco em saquinho a ser explorado pela indústria?

Despertaria a consciência humana,
Mas o suco de morango esconde melhor o sabor da vida insana.

Desrespeitemos nossa constante dor,
Sempre trêmulos por cobranças,
Buscas diárias de formas para aplicar nossa vingança.

Precisamos de acordes mais fortes,
Urgência no desrespeito,
A subversão dói no peito,

Pulsação descontrolada,
Noites sem fôlego,
Coração fora de ritmo,
Forças para o próximo suspiro, que agora parece ser o último.

Wagner Marcelo "W3M"

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Rochas e pedras

Onde está o colorido do amanhecer?
Mundo cinza das cidades edificadas,
Sanidade mental com o marcador na reserva.

Vejo rochas e pedras pelas calçadas,
Rochas sindicalizadas e pedras socializadas.

Não há rotas para a fuga,
Participemos do ciclo social que nunca muda.

Idolatremos a hipocrisia,
Manteremos eternamente nossas mentes vazias.

Não há mais angústias,
Ideais interrados sobre o manto da ignorância.

Homens e mulheres paralizados,
Agora só há interesses pastorizados.

Efeito manada,
Todos correndo como boiada,
Buscando o aconchego de seus estábulos.

Poeira levantada,
Não se pode ver os pisoteados,
Fracos, deitados e esmagados na calçada.

Não há o que ensinar,
Automatização imediata do pensar.

Ostentar é a nova chave,
Olhos arregalados observando a nova propriedade,
Medição da felicidade através da posse.

Reflexos sobrepostos da realidade,
Visão ofuscada e distorcida por toda maldade.

Onde estão nossos antigos heróis?
Substituidos agora por empresários globais.

Linha de montagem pronta!
Sentimentos concretados.
Sigam as placas.
Oh Ford!
Quero meu soma.

Wagner Marcelo "W3M"